Lemonade - Beyoncé: Love Drought, escravidão e a história da terra IGBO
Continuando nossa série sobre o álbum Lemonade de Beyoncé, hoje compartilho com vocês a história por trás do clipe Love Drought, escravidão e a história da terra IGBO.
Pra quem está chegando agora e não está entendendo.. Toda semana vou postar o conceito, a história das principais músicas e clipe do novo álbum de Beyoncé, que retrata a cultura negra, o feminismo, a luta contra o racismo e empoderamento da mulher negra. Já postei a 1ª música que foi "Formation", clique AQUI e veja ♥
Clipe de "Love
Drought", escravidão e a história da terra IGBO
“LEMONADE” de Beyoncé é
preenchido por imagens e artes impressionantes, hoje iremos falar sobre uma das
cenas mais importantes no álbum visual, que ocorre no vídeo da canção “Love
Drought”.
Muito foi dito sobre a influencia
que o disco recebeu do filme “Daughters of the Dust” da Julie Dash, mas pouco
foi falado nessas discussões sobre como a história da terra Igbo é central em
“Daughters of the Dust” e como a história da terra
Igbo – um ato de resistência em massa contra a escravidão – também aparece de
forma explícita em “Love Drought”.
Para quem não sabe, terra Igbo é
a localização de um suicídio em massa de escravos que ocorreu em 1803 na ilha
St. Simons, Georgia. Conforme a história, um grupo de escravos Igbo se
revoltaram e tomaram o controle de seu navio de escravos, aterrado em uma ilha,
ao invés de se submeterem a escravidão, começaram a marchar para a água
enquanto cantavam em Igbo, por sua vez, se afogando. Todos eles escolheram a
morte ao invés da escravidão. Foi um ato de resistência em massa contra os
horrores da escravidão e se tornou uma lenda, especialmente entre as pessoas de
Gullah que vivem perto do local da terra Igbo.
Não é apenas a história do povo
Igbo um dos temas chaves do filme de Julie Dash, o qual influenciou “LEMONADE”,
mas imagens também são centrais no vídeo “Love Drought”. Nele, Beyoncé marcha
em direção à água, seguida por um grupo de mulheres negras todas de branco com
tecido preto na forma de uma cruz na frente de seus corpos. Elas marcham
progressivamente mais fundo na água antes de pararem para erguerem suas mãos em
direção ao pôr do sol.
O ato de Beyoncé e seu grupo de
mulheres negras deliberadamente erguerem as mãos enquanto na água em direção ao
pôr do sol mostra como a resistência da terra Igbo foi mitificada em várias
culturas afro-americanas como o mito “Caminhada na Àgua” ou “Africanos
Voadores”. Na ultima lenda, os escravos Igbo andaram para dentro d’água e então
voaram de volta para a África, salvando-se por sua vez.
O vídeo como um todo acontece em
uma paisagem pantanosa, combinando descrições folclóricas afro-americanas da
localização da terra Igbo. Além disso, é tudo mixado com imagens de Beyoncé
fisicamente ligada em cordas e resistindo à tração, que expressam a escravidão,
resistência e eventos da terra Igbo.
Vendo Beyoncé e um grupo de
mulheres negras marchando em direção a água e erguendo as mãos coletivamente em
direção ao pôr do sol soa como a ultima interpretação da história da terra
Igbo, em que escravos voam em direção à liberdade.
Fonte: Beyoncé Brasil
O vídeo não está liberado, mas você pode assistir ao álbum completo clicando AQUI!
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